Efeitos locais e subsazonais serão mais importantes nos próximos meses
A anomalia de temperatura do oceano Pacífico equatorial central diminuiu para menos de 0,5°C neste mês de maio, praticamente encerrando o El Niño. O fenômeno e a elevada temperatura dos oceanos tropicais geraram perturbações na atmosfera responsáveis extremos de chuva na Região Sul do Brasil em setembro do ano passado e em maio deste ano. Já nas Regiões Sudeste e Centro-Oeste, o que predominou foi o calor recorde e persistente.
A partir de agora, sem o El Niño, como se comportará o padrão climático no país?
Antes de falar sobre isso, vale a informação de que a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA), dos Estados Unidos, postergou a formação do fenômeno La Niña para o trimestre Julho-Agosto-Setembro. Isso aconteceu porque outros oceanos, como o Índico, não estão com um padrão de temperatura que ajude em um rápido resfriamento do Pacífico equatorial. Este padrão permanecerá desfavorável até o inverno, então, não serão estranhos novos adiamentos por parte da NOAA.
Figura 1: Previsão Probabilística com possibilidade de desenvolvimento dos fenômenos El Niño e La Niña, além de neutralidade: a chance de desenvolvimento de La Niña para o trimestre junho/julho/agosto diminuiu na atualização de maio (gráfico da direita)
Diante disso, fatores menores serão mais importantes, como eventuais formações de bloqueios atmosféricos, oscilações chamadas de Madden Julian e Antártica e a temperatura do oceano Atlântico junto à costa do Brasil.
O primeiro ponto é ter em mente que não há expectativa de linearidade. Um exemplo disso é o mês de junho. Simulações indicam que a chuva será menos frequente sobre a Região Sul e que mais ondas de frio avançarão pela costa da Região Sudeste, fazendo com que já não ocorra um calor tão extremo. Mas isso não obrigatoriamente acontecerá também em julho e agosto. Como os efeitos menores, também chamados de efeitos subsazonais, são menos duradouros, nada impede maior alternância entre períodos úmidos e períodos secos e períodos quentes e períodos frios. Daí a importância da consultoria meteorológica para ter um norte na tomada de decisão de mais curto prazo. Enquanto o fenômeno La Niña, que tende a ser fraco, não começar a influenciar a atmosfera, algo que acontecerá mais próximo do último trimestre de 2024, permaneceremos sob oscilações mais frequentes.