Você certamente deve ter notado e, sobretudo, sentido na pele que o clima está mais quente. Mas isso não é apenas uma percepção; é uma triste nova realidade.
No último dia 21 de julho, o mundo registrou o segundo dia mais quente da história em 24 horas, segundo o monitor climático da União Europeia.
Dados preliminares do Serviço de Alterações Climáticas Copernicus (C3S) mostraram que a temperatura média global diária foi de 17,15 graus Celsius na última segunda-feira, o dia mais quente já registrado desde 1940.
Essa sequência começou em junho de 2023 e, desde então, temos visto um aumento mensal na temperatura média do planeta, um fenômeno que os especialistas denominam emergência climática.
Esse aumento na temperatura está causando eventos climáticos extremos, como chuvas acima da média no Rio Grande do Sul e no Chile, ondas de calor, secas severas, entre outros.
Nesse contexto de mudanças climáticas, a transição energética emerge como uma das respostas para os desafios ambientais globais que enfrentamos.
Mais do que uma mudança na matriz energética, ela representa uma transformação profunda no nosso sistema energético, que pode nos conduzir a um futuro mais limpo, seguro e sustentável.
Neste artigo, vamos explorar desde os conceitos fundamentais que delineiam a transição energética até os desafios complexos que enfrentamos globalmente e as oportunidades no Brasil e do mundo.
O que é a transição energética e por que ela é tão importante?
A transição energética consiste na mudança fundamental na forma como produzimos e consumimos energia, diminuindo a dependência de combustíveis fósseis, como carvão, petróleo e gás natural, e migrando para fontes renováveis e mais limpas, como a energia solar, eólica, bioenergia e geotérmica.
Essa mudança é necessária por alguns motivos:
Combate às mudanças climáticas: a redução das emissões de gases de efeito estufa provenientes dos combustíveis fósseis é essencial para mitigar os impactos das mudanças climáticas, como o aumento do nível do mar, eventos climáticos extremos e a perda de biodiversidade.
Segurança energética: a diversificação da matriz energética com fontes renováveis diminui a dependência de combustíveis fósseis importados, garantindo maior autonomia energética para os países.
Desenvolvimento econômico sustentável: a transição energética impulsiona a criação de novos empregos verdes, a inovação tecnológica e atrai investimentos em setores promissores como o de energias renováveis.
Melhoria da qualidade de vida: a redução da poluição e das emissões de gases de efeito estufa contribui para um ambiente mais saudável e propício ao bem-estar das pessoas, além de contribuir de forma significativa para a saúde pública.
O acordo de Paris
A transição energética é tão importante que, em 2015, na COP21, realizada em Paris, França, 195 países firmaram o Acordo de Paris, um marco histórico na luta contra as mudanças climáticas, no qual a transição foi um dos temas mais abordados.
O acordo tem como objetivo limitar o aumento da temperatura média global abaixo de 2°C, preferencialmente a 1,5°C, em relação aos níveis pré-industriais.
Para alcançar essa meta, é necessário reduzir drasticamente as emissões de gases de efeito estufa, especialmente de CO₂.
As ODS da ONU
Foi na COP21 que os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU foram estabelecidos em 2015, visando alcançar um futuro mais sustentável para todos até 2030.
De forma geral, a transição energética está diretamente relacionada ao cumprimento de diversos ODS, como:
ODS 7: Energia acessível e limpa: assegurar o acesso universal à energia acessível, confiável, moderna e sustentável.
ODS 9: Indústria, inovação e infraestrutura: construir infraestruturas resilientes, promover a industrialização inclusiva e sustentável, e fomentar a inovação.
ODS 10: Redução das desigualdades: reduzir a desigualdade dentro e entre os países.
ODS 13: Ação climática: tomar medidas urgentes para combater as mudanças climáticas e seus impactos.
ODS 15: Vida terrestre: proteger, recuperar e promover o uso sustentável dos ecossistemas terrestres, gerir florestas de forma sustentável, combater a desertificação, deter e reverter a degradação da terra e deter a perda de biodiversidade.
O papel das esferas da sociedade
A transição energética é um processo gradual e complexo e, por isso, é necessária a participação ativa e o engajamento de diversos setores da sociedade.
Isso porque essa jornada desafiadora requer a união de esforços de governos, empresas e sociedade civil, cada um com suas responsabilidades e contribuições.
Os governos assumem o papel de condutores da transformação, estabelecendo políticas públicas robustas e inovadoras que incentivem o uso de energias renováveis, promovam a eficiência energética e apoiem a descarbonização da economia.
Por meio de programas de investimento, leis de incentivo e marcos regulatórios adequados, os governos podem criar um ambiente propício para o desenvolvimento e a implementação de soluções sustentáveis.
O setor privado neste processo
As empresas são fundamentais para abrir caminho para um futuro mais verde e inovador.
A adoção de práticas sustentáveis, o investimento em tecnologias limpas e o desenvolvimento de modelos de negócios inovadores são aspectos cruciais para o sucesso da transição energética.
As empresas podem liderar a mudança por meio da descarbonização de suas operações, da oferta de produtos e serviços sustentáveis e da criação de novas soluções tecnológicas que contribuam para a sustentabilidade do sistema energético.
Já a sociedade civil assume um papel fundamental na conscientização sobre a importância da sustentabilidade energética e no engajamento em iniciativas que contribuam para a transição energética.
Por meio de ações educativas, participação em projetos comunitários e cobrança de ações dos governos e empresas, a sociedade civil pode impulsionar a mudança e garantir que os benefícios da transição energética sejam distribuídos de forma mais justa.
O panorama da transição energética no Brasil
Com seus recursos renováveis abundantes e expertise reconhecida internacionalmente em biocombustíveis, o Brasil surge como um protagonista promissor nesse cenário global.
No início de 2024, o Brasil assumiu o sexto lugar como maior produtor de energia solar do mundo, uma fonte renovável essencial para a transição energética.
Com uma matriz energética que está passando por uma transformação contínua, o país demonstra avanços notáveis na adoção de fontes renováveis até 2024, embora ainda enfrente desafios significativos que precisam ser superados para consolidar sua posição como líder na transição para uma economia de baixo carbono.
Embora o caminho da transição no Brasil seja um caminho mais natural.
A alta dependência da energia hidrelétrica ainda nos deixa a merca das chuvas, e a integração das energias renováveis intermitentes à rede elétrica exige soluções inovadoras.
A transição energética abre portas para novos investimentos, desenvolvimento tecnológico e sustentabilidade ambiental, impulsionando a economia, a geração de empregos verdes e a melhoria da qualidade de vida.
Em 2023, o Brasil investiu US$ 34,8 bilhões, demonstrando o compromisso do país com um futuro mais verde.
As políticas públicas, como o Programa de Desenvolvimento da Indústria (PDI) e o Programa Nacional de Energia Solar (Pronamel), dão uma espécie de empurrãozinho essencial, e pesquisas em armazenamento de energia e redes inteligentes buscam soluções para os gargalos da integração de renováveis.
Com a combinação certa de políticas públicas, inovação tecnológica e investimentos estratégicos, o Brasil pode liderar a transição energética global e colher os frutos de um desenvolvimento sustentável.
Como as empresas podem participar da transição energética
As empresas desempenham um papel crucial na transição energética, sendo motores da mudança e pioneiras da inovação.
Investindo em pesquisa e desenvolvimento, promovem tecnologias limpas e eficientes que impulsionam a geração de energia renovável, como eólica, solar e biomassa.
As empresas também podem participar dessa revolução por meio do I-REC (International REC). Ele funciona como um selo de garantia que atesta a origem renovável da energia que você consome.
Trata-se de um certificado que representa um megawatt-hora (MWh) de eletricidade gerada a partir de fontes renováveis, como hidrelétrica, eólica, solar e biomassa.
Sua empresa pode adquirir esse certificado pela Safira Energia, agregando valor à estratégia ESG da sua organização.
Os especialistas da Safira Energia estão prontos para entender suas necessidades energéticas e ajudá-lo a garantir essa certificação.
Eficiência Energética e Geração Distribuída
Empresas se destacam na eficiência energética, otimizando o uso de energia para reduzir consumo e impacto ambiental.
Também lideram a geração distribuída, instalando sistemas de energia renovável em suas operações, descentralizando a produção e diminuindo a dependência de combustíveis fósseis.
Mobilidade Sustentável e Educação
Ao investir em frotas de veículos elétricos, híbridos ou movidos a biocombustíveis, as empresas contribuem para a redução das emissões de gases poluentes.
Além disso, atuam na conscientização e educação sobre a importância da transição energética, promovendo mudanças de comportamento em prol da sustentabilidade.
Sustentabilidade e Governança Climática
Empresas estão incorporando a sustentabilidade em seus modelos de negócios, desde a escolha de fornecedores até a oferta de produtos e serviços que facilitam a transição energética.
Engajadas em governança climática, estabelecem metas de redução de emissões e investem em projetos de compensação de carbono.
Desafios para o futuro
Diante das profundas transformações que têm ocorrido tanto em contextos nacionais quanto globais, a transição energética se apresenta como um desafio monumental para toda a sociedade.
Os impactos devastadores do aquecimento global e das mudanças climáticas já evidenciados impõem uma necessidade premente de mudança.
Estamos numa década crucial, onde as ações contra as mudanças climáticas são o centro das atenções.
Reduzir as emissões de combustíveis fósseis é uma medida crucial, embora não seja uma garantia absoluta de restauração do equilíbrio climático pré-industrial.
Certos danos causados pelas mudanças climáticas são irreversíveis, apesar dos esforços para mitigá-los.
Frente a esse cenário de incertezas, é imperativo substituir os combustíveis fósseis por fontes de energia renováveis e limpas, além de intensificar os esforços para aumentar a eficiência energética e desenvolver tecnologias que apoiem essa transição.
A transição energética deve ser abordada tanto em níveis locais quanto globais, com ações coordenadas e eficazes em todas as esferas da sociedade.
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