Após meses de chuva e temperaturas amenas, seca e calor dominam o país

O período úmido no Brasil, de outubro a março, divide-se em duas fases.
A primeira, entre outubro e janeiro, caracterizou-se por chuvas frequentes e temperaturas moderadas.
Nas bacias hidrográficas que geram energia elétrica, os maiores acumulados foram registrados na bacia do Alto Tocantins (800mm), Madeira (775mm), Alto Paranaíba (750mm) e Baixo Grande (720mm), valores próximos à climatologia.
Desde a segunda semana de fevereiro, porém, o cenário mudou. A chuva enfraqueceu e a temperatura disparou.
Essa mudança ocorreu devido ao deslocamento de sistemas meteorológicos, como a Alta da Bolívia.
Essa circulação de ventos na alta troposfera moveu-se para oeste, afastando-se das principais bacias hidrográficas.

Simultaneamente, sistemas que inibem a precipitação, como o Vórtice Ciclônico de Altos Níveis do Nordeste e a Alta Subtropical do Atlântico Sul, aproximaram-se das regiões Sudeste e Centro-Oeste.
Ainda há especulação sobre a origem desse novo padrão. Uma das hipóteses envolve a temperatura das águas do Pacífico equatorial.
O fenômeno La Niña, caracterizado pelo resfriamento do oceano, apresenta um comportamento atípico, formando uma ilha de água fria cercada por áreas quentes.

Fonte: MetSul Meteorologia
Esse padrão recebe o nome de La Niña Modoki.
Esse fenômeno pode ter alterado a circulação dos ventos. Como a influência do Pacífico supera outros fatores intrassazonais, a seca e o calor persistem.
Projeções para as próximas semanas
A Oscilação Madden-Julian, uma onda intrassazonal, favorece a chuva no Sudeste. No entanto, o padrão seco causado pelo La Niña Modoki ainda predomina.
Modelos climáticos indicam um adiamento no retorno das chuvas e uma redução na precipitação nas próximas semanas.
Nesse contexto de incerteza, a melhor abordagem é analisar outros parâmetros.
O aumento da precipitação pode ocorrer no segundo decêndio de março, mas de forma menos intensa do que no início do verão.
Além disso, os últimos dez dias do mês tendem a ser mais secos.
Esse cenário também levanta dúvidas sobre o outono, já que, normalmente, essa estação mantém as características do verão.
Quando um verão termina chuvoso, a precipitação costuma se estender até abril.
Em 2025, no entanto, isso não deve acontecer. Apenas bacias da Região Norte, como Xingu, Tocantins e Madeira, devem manter chuvas frequentes nas primeiras semanas da nova estação.
Expectativa para temperatura e frio tardio
O calor acima da média continuará nas próximas semanas. A temperatura pode cair levemente com a volta da chuva em março, mas o início do outono será quente.
Ondas de frio costumam surgir no fim de maio.
No entanto, simulações sugerem que a queda mais intensa de temperatura pode ocorrer apenas entre junho e julho de 2025.
Verões influenciados pelo La Niña geralmente não favorecem a venda de artigos de calor nem um alto consumo de energia.
No entanto, devido ao comportamento atípico da La Niña Modoki, a temperatura subiu rapidamente e seguirá elevada no curto prazo.